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Entrevista com o Pe. Rui Silva

 

Entrevista com o Pe. Rui Silva, Director do Jornal O Dever

Entrevista por: Paulo Luís Ávila
Fotos de: José I. Ferreira

Adiaspora.com

 


O Pe. Rui Silva, que até há bem pouco tempo foi Director do jornal semanário O Dever, que se publica nas Lajes do Pico e que é o mais antigo semanário do ex-distrito da Horta, concedeu-nos uma entrevista a quando da sua passagem por Toronto em gozo de merecidas férias. Para além de Director do Jornal O Dever, acima citado é o pároco e o professor de Religião Católica e Moral na Escola Básica e Secundária das Lajes do Pico. 

Paulo Luís Ávila – Fale-nos da sua trajectória pessoal?
Rui Silva - Nasci em São José de Ponta Delgada, criei-me na Ribeirinha, frequentei o Jardim de Infância da Ribeirinha, fiz a instrução Primária na Escola Primária Madre Teresa da Anunciada, na Ribeira Seca, da Ribeira Grande, na Ilha de São Miguel e fui para o Seminário de Santo Cristo em Ponta Delgada, também conhecido como o Seminário Menor, no ano lectivo de 1993/1994. Depois frequentei as aulas no Liceu Antero de Quental, fiz o Curso do Seminário no Seminário Maior em Angra do Heroísmo, onde fiz o Sexénio, Curso Filosófico-Teológico, que é o Curso de preparação para o sacerdócio.
PLA – O que o levou a ir para o Seminário?
R S - Foi uma longa história. O saudoso pároco Artur Pacheco Agostinho, que paroquiava na Ribeirinha, chamou para junto de si os miúdos, introduzindo-os nos movimentos dos acólitos e dos leitores. E lembro-me sempre de ele dizer que um padre numa família não era um desgosto, não era uma tristeza, mas era sempre uma alegria e através dele comecei a cultivar o gosto em seguir a vida Sacerdotal, embora tenha ido para o Seminário Menor fazer uma experiência, mas gostei de tal maneira de toda aquela experiência que vivi, quer em Ponta Delgada no Seminário Menor, quer no Seminário Maior em Angra do Heroísmo, que cheguei ao fim e decidi ser Padre, embora a decisão não seja fácil de explicar, porque é um chamamento que vem de dentro e não é fácil explicarmos, porque é como um vírus, corrói, mexe, empurra-nos, lança-nos, mas, explicar não é fácil.
PLA - Qual foi o ano da sua Ordenação Sacerdotal?
RS - Foi no dia 22 de Junho de 2003, já neste século portanto.
PLA – Qual foi a primeira paróquia em que exerceu o seu múnus sacerdotal?
A primeira paróquia e a primeira Ilha. A Ilha Montanha, a ilha que costumo dizer que é a Ilha da magia, da beleza e da criação de Deus. Fui paroquiar para a freguesia da Piedade, da Calheta de Nesquim e para a paróquia de Santa Cruz das Ribeiras. Um ano depois saí da Piedade e da Calheta, fui leccionar Religião Católica e Moral para a Escola Cardeal Costa Nunes na Madalena do Pico e assumi a paróquia de Santa Bárbara e novamente a paróquia de Santa Cruz, na freguesia das Ribeiras e, dois anos mais tarde saí da paróquia de Santa Bárbara, continuei na paróquia de Santa Cruz e assumi a paróquia das Lajes e fiquei a leccionar na Escola Básica e Secundária das Lajes do Pico.
PLA – Como se sente na Ilha do Pico?
RS - Foi uma Ilha onde sempre me senti em casa, como disse há pouco, é uma Ilha Mágica, que transmite uma sensação de tranquilidade, de bem-estar, de convívio, em que os Picarotos, cada vez mais, noto isso e sinto, são mais acolhedores, sabem ser família, apesar de haver as ovelhas negras, mas isso não interessa, porque apenas e só importa-nos somente aquelas ovelhas que estão juntas e querem viver e querem trabalhar e querem continuar a respirar o ar que Deus nos manda. É uma ilha de encanto e não é por acaso que foi a vigésima primeira Ilha no mundo a ser considerada com melhor qualidade de vida, daí que quem não gosta do Pico, arrisco-me a dizer, que não gosta de si.
PLA - Consta que vai sair das Lajes e Santa Cruz das Ribeiras. Como vai sentir esta mudança?
RS - Se sair vou enfrentar esta mudança, não com tristeza, mas com saudade.
PLAO jornal O Dever para si o que é neste momento?
RS - O Dever para mim, foi a maior tarefa da minha vida, como homem em primeiro lugar e como padre em segundo. Como homem porquê? Porque quando fui para o Seminário foi para ser Padre e nunca na minha vida pensei em ser jornalista apesar de, a quando da minha estadia em Angra do Heroísmo no Seminário, colaborei no «Jornal União», no suplemento chamado «União Pastoral», no programa televisivo religioso, «Dia na Noite» e depois mais tarde no programa religioso chamado «Reunir» e num outro programa religioso no Rádio Clube de Angra. Nos três anos em que estive à frente do jornal O Dever, como Director, admito que cometi muitos erros, houve muitos passos, mas também houve muitos recuos, houve muitas compreensões mas também houve muitas incompreensões, sei que e admito-o mais uma vez, não consegui fazer um trabalho excelente, porque sou amador, mas fui aprendendo com o tempo, fui adquirindo experiência com a ajuda de uns e com a ajuda de outros mas hoje, O Dever para mim, posso dizê-lo, é a menina dos meus olhos, sem ofensa evidentemente para as paróquias, embora O Dever seja um trabalho completamente diferente.
PLADepois de todos estes anos, O Dever levou uma volta. Novos colaboradores cujos escritos interessam aos leitores e as notícias que há muito tardavam. Como conseguiu isso?
RS - Hoje em dia, há a grande inimiga do papel que é a internet, onde as pessoas vão buscar praticamente tudo o que querem saber, porque já não têm pachorra em pegar num jornal e foleá-lo, embora haja ainda muita gente com gosto pelo papel. Fui procurando contactar com as pessoas para saber qual era a maneira melhor de fazer a notícia, procurando a verdade e a mentira e como deve saber uma notícia pode conter uma verdade, uma mentira, mas o pior que tudo é a meia verdade, daí que e, com o auxílio de muita gente já experiente na vida, já com algum saber na vida jornalística, aos poucos fui procurando, quem me poderia informar, quem me poderia ajudar, quais eram as notícias que os leitores de O Dever queriam ler e queriam saber, embora tenha sido sempre a minha batalha, fazer do jornal O Dever, o jornal da Ilha e o jornal da Ilha do Pico, dando evidentemente mais destaque às Lajes do Pico, onde está sediado. Mas trabalhar n´O Dever foi uma tarefa agradável por um lado e um grande desafio, embora admita mais uma vez que sei que não fiz o melhor pel´O Dever, mas também sei que não sou um profissional, enquanto que os outros jornais por outro lado, tem jornalistas com carteira profissional. O Dever trabalha à base da gratuitidade, da disponibilidade e do amor à camisola, como bem sabes.
PLA – Como está O Dever financeiramente?
RS - O Dever tem o homem forte, que é o ministro das finanças do papel, o Manuel Gonçalves, que é o meu braço direito, mas também é o meu braço esquerdo no jornal O Dever, porque ele tem conseguido apesar da escorregadia crise que se instalou, ele tem conseguido, dizia, levar O Dever a um porto com águas mais mansas e tem atracado sempre de maneira acessível e feito tudo por tudo para que o jornal possa continuar e fazer tudo o que está ao nosso alcance para que o jornal não se afunde, porque o jornal pertence à Igreja paroquial das Lajes do Pico. Não é um boletim paroquial é da propriedade da Igreja e não queremos que aconteça a´O Dever o que aconteceu na Ilha vizinha.
PLA- Em tempos correu a notícia que O Dever pertenceria à Ouvidoria do Pico. O que há de verdade sobre isso?
RS - O jornal O Dever não pertence à Ouvidoria do Pico. O Jornal O Dever pertence à paróquia da Santíssima Trindade, das Lajes do Pico, do concelho das Lajes do Pico, no entanto o jornal está aberto à Ouvidoria do Pico, embora e folheando o jornal repare-se que há um déficit de notícias principalmente as que se relacionam com o horário das missas e com a divulgação do programa das Festas Religiosas, porque os párocos não querem pura e simplesmente colaborar e, note-se que nunca dissemos não a nenhum padre e no meu primeiro Editorial disse que as páginas do jornal estavam abertas a quem quisesse colaborar e ajudar o jornal a crescer.
PLA - Se sair como vai instruir o seu sucessor a encaminhar o jornal?
RS - Se sair pessoalmente não me sinto com coragem para dizer ao sacerdote meu colega, o que é que ele deve ou não deve fazer. Se sair vai assumir o jornal como Director Interino, o Pe. Paulo Silva e ele sabe muito bem o que deve e não deve fazer, aquilo que está ou não ao seu alcance. Para trabalhar num jornal é preciso acima de tudo ter muita disponibilidade porque não podemos estar a acumular serviço, porque paróquias, aulas e jornal, terminamos o dia e perguntamos, o que é que fiz, porque no Pico, ou acontece tudo duma vez ou então não acontece nada. O jornal não tem disponibilidade de pessoal para desempenhar a contento todas as tarefas que lhe são cometidas e sei que por outro lado, se realmente sair que ele irá conduzir o jornal no caminho da formação e da informação, não com artigos de décima quinta categoria, mas com artigos, como é evidente, como está acontecer, que formam e também informam.
PLA - Haveria possibilidades de contratar um jornalista a tempo inteiro?
RS - O problema maior para se efectuar essa contratação é a nível financeiro. Como todos sabem os jornais sobrevivem da publicidade, dos subsídios governamentais, no entanto noto que há por parte de certas entidades e dalguns lajenses, vontade para manter e fazer crescer aquilo que é da terra e O Dever é o mais antigo jornal da Ilha do Pico e neste momento do ex-distrito da Horta.
PLA – Entrando um pouco na sua vida particular, nomeadamente nos seus gostos pantagruélicos, quais são os seus pratos favoritos?
RS - Lapas, com bolo de milho, acompanhadas por um copo de vinho de cheiro do Pico e o outro é, como me ensinaram, cárácácá.
PLA - Agradecíamos que deixasse uma mensagem para os leitores de Adiaspora.com
RS - A mensagem que posso deixar é agradecer em primeiro lugar aos responsáveis, para que continuem a efectuar o bom trabalho que têm desenvolvido e desejo também para eles os maiores sucessos jornalísticos e também as maiores felicidades pessoais e que continue sempre ao serviço daqueles que são de lá mas estão cá e que possam matar aquela palavra que ninguém sabe quem a inventou e que se chama saudade. Não mata, mas dói, mas por vezes até mata. Matar aqui tem apenas um sentido figurado. Mais uma vez muitas felicidades e obrigado por me terem concedido esta oportunidade.
PLA – Obrigado e Adiaspora.com, deseja-lhe também para si as maiores felicidades.

O Pe. Rui Silva é cumprimentado pelo o Director de Adiaspora.com José Ilídio Ferreira

 

 

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